Como A Bahia Virou Uma Potência Mundial Do Marketing Político

03 Feb 2018 05:11
Tags

Back to list of posts

is?U1EGOESNRTeyuusT1ntTqchvT_L32dam0kS2DcdEAlw&height=226 5 anos após o fim da ditadura militar, o político baiano Antônio Carlos Magalhães, o ACM, encarou uma atividade que parecia trabalhoso. Em meio a robusto campanha contrária, ele tentava voltar ao posto de governador - desta vez pelo voto popular, e não por indicação dos militares. Alguns dos ataques mais ousados vinham do publicitário Geraldo Walter, que, aos 33 anos, chefiava a campanha do empresário Luiz Pedro Irujo, candidato do PRN. Em vez de negar a fama de autoritário, a campanha de ACM buscou retratá-lo como uma figura multifacetada. ACM venceu a eleição no primeiro turno, e a luta tornou-se um marco pela história do marketing político brasileiro. 4 anos depois, em 1994, o marqueteiro vencedor e o derrotado se uniriam em prol da candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência, inaugurando uma era de domínio baiano em campanhas eleitorais no país, que perdura até hoje.Desde aquela eleição, marqueteiros baianos chefiaram todas as campanhas vitoriosas para presidente da República no Brasil e imensas no exterior. O êxito da dupla Walter-Barros em 1994 seria repetido nos anos seguintes por Nizan Guanaes, Duda Mendonça e João Santana. Às vésperas da próxima eleição, entretanto, a primazia do grupo está intimidada por escândalos de corrupção, que envolveram alguns dos seus principais expoentes e os afastaram da política.Fernando Barros diz que a campanha de ACM alçou o marketing político brasileiro a um novo patamar de característica técnica. Barros, presidente da agência Propeg. Em parceria com Geraldo Walter e com o bem como baiano Nizan Guanaes, Barros replicou a estratégia pela campanha de FHC - eleito em primeiro turno, embalado pelo sucesso do Plano Real.Walter morreu de câncer aos quarenta e um anos, a seis meses antes do pleito presidencial de 1998. A direção da campanha de FHC à reeleição ficou com Nizan, que voltaria a assessorar políticos tucanos em eleições seguintes. Afastado de competições eleitorais há mais de uma década, o baiano se tornou um dos principais nomes da publicidade brasileira. Um assistente de Nizan declarou que ele estava viajando e não poderia doar entrevista.Fernando Barros atribuiu o sucesso de baianos no marketing político a fatores históricos. Ele reitera que, desde que Salvador foi capital do Brasil, entre 1549 e 1763, ficou terreno fértil pra profissionais das letras, como jornalistas, publicitários e escritores. Apelidado de Boca do Inferno e Boca de Brasa por suas críticas ácidas, Matos foi deportado na Coroa portuguesa para Angola e voltou ao Brasil pouco antes de morrer, aos cinquenta e nove anos. Barros diz apesar de que, como a Bahia nunca teve um setor industrial potente, as agências de publicidade do Estado tiveram de se aproximar do governo e de políticos pra sobreviver. Autor de dezoito livros sobre isto marketing eleitoral, o paulista Carlos Manhanelli diz que as agências de São Paulo, eixo do mercado publicitário brasileiro, nunca se destacaram como as baianas deste meio por um cálculo de gasto-proveito.Capa: Contendo o título do serviço, o(s) autor(es), cidade e anoFaz download de modo automática do que é recebidoE-mail marketing tem êxito (verdade)José MayerDesign é a pesquisa da melhor solução, do começo ao final de um projeto11 - Lançador de Aviões de PapelConsultor em comunicação e conselheiro do presidente Michel Temer, o potiguar Gaudêncio Torquato diz que a ascenção dos marqueteiros baianos mudou a forma de fazer campanha política no Brasil. Segundo ele, as campanhas no estado a toda a hora se equilibraram entre a visão jornalística, baseada pela difusão de sugestões, e a visão publicitária, de conteúdo mais emotivo, "até que os baianos chegaram e impuseram a visão publicitária". Pra Torquato, o publicitário Duda Mendonça, que, em 2002, chefiou a primeira campanha vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência, levou a estratégia às últimas consequências e montou uma "grife". A imagem do "Sapo Barbudo", codinome irônico cunhado em 1989 por Leonel Brizola, deu espaço ao "Lulinha paz e afeto", e o petista venceu o pleito. Com o slogan "Menem lo hizo", Duda tentava eleger o candidato apoiado pelo desta maneira presidente Carlos Menem, Eduardo Duhalde. Lá, a maneira não funcionou.Uma assistente do publicitário disse que ele estava inacessível e não poderia ser entrevistado. Para Gaudêncio Torquato, Duda "é o grande responsável pela 'McDonaldização' do marketing político brasileiro: a aplicação de um mesmo paradigma em algumas campanhas". Nascido em Tucano, no sertão baiano, Santana deu novo impulso à internacionalização do marketing político brasileiro. A projeção de Santana no exterior ocorreu paralelamente à expansão internacional de empreiteiras brasileiras, entre as quais as baianas Odebrecht e OAS. Em 2016, num desdobramento da operação Lava Jato, o marqueteiro e sua mulher, a publicitária Mônica Moura, foram presos durante o tempo que eram investigados pelo recebimento de recursos no exterior.Em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, o casal comentou que os pagamentos foram feitos na Odebrecht e estavam relacionados aos trabalhos da dupla em Angola, pela Venezuela e no Panamá. Ambos confessaram ainda que Lula lhes pediu que realizassem as campanhas nesses países. Advogados do ex-presidente dizem que delações não são provas e que quem acusa o petista busca proveitos judiciais. A Odebrecht diz colaborar com as investigações.Em 2017, Santana e Moura foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro a oito anos de prisão por lavagem de dinheiro, acusação que contestam. Eles aguardam em autonomia o julgamento de seu recurso em segunda instância. Santana não respondeu a um pedido de entrevista da BBC Brasil. Depois da Lava Jato, publicitários da Bahia continuarão dominando o marketing político brasileiro?

Comments: 0

Add a New Comment

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0 License